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Camilo Pessanha (1867-1926)
Poemas
da Clepsidra
(Ed.
Lusitania, Lisboa, 1920)
[»Haiku«. Anterior a 1915-1916]
[1]
Rufando
apressado
E bamboleado,
Boné posto ao lado,
Garboso,
o tambor
Avança em redor
Do campo de amor
Com
força, soldado!
A passo dobrado!
Bem bamboleado!
Amores
te bafejem
Que as moças te beijem.
Que os moços te invejem.
Masi
ai, ó soldado!
Ó triste alienado!
Por mais exaltado
Que
o toque reclame,
Ninguém que te chame
Ninguém que
te ame
[2]
Se
andava no jardim,
Que cheiro de jasmim!
Tão branca do luar!
.
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Eis
tenho-a junto a mim.
Vencida, é minha, enfim,
Após tanto
a sonhar...
Por
que entristeço assim?...
Não era ela, mas sim
(O que eu
quis abraçar),
A
hora do jardim...
O aroma de jasmim...
A onda do luar...
[3]
Voz
débil que passas
Que humílima gemes
Não sei que desgraças
Dir-se-ia
que pedes.
Dir-se-ia que tremes,
Unida às paredes,
Se
vens, às escuras,
Confiar-me ao ouvido
Não sei que amarguras
Suspiras
ou falas?
Porque é o gemido,
O sopro que exalas?
Dir-se-ia
que rezas.
Murmuras baixinho
Não sei que tristezas
Ser te companheiro?
Não sei o caminho.
Eu sou estrangeiro.
Passados amores?
Animas-te, dizes
Não sei que terrores
Farquinha,
deliras.
Projectos felizes?
Suspiras. Expiras.
Foto
de Pessanha, com autógrafo do autor
Camilo
Pessanha e João Pereira Vasco, em Macau